EuGênio
eu sou menino eu sou menina
e não venham me dizer
que lança perfume é parafina
diversidade de gêneros
podes crer – não me alucina
eu nasci da minha mãe
que se chama Severina
lá dos sertões do nordeste
nor/destino nor/destina
como o sal do Maranhão
bumba-meu-boi não desafina
conterrâneo do Torquato
eu nasci em Teresina
EuGênio Mallarmè
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página no face https://www.facebook.com/EuGenioGumes
Bolero Blue
beber
desse conhac em tua boca
para matar a febre
nas entranhas entredentes
indecente
é a forma que te como
bebo ou calo
e se não falo quando quero
na balada ou no bolero
não é por falta de desejo
é
que a fome desse beijo
furta qualquer palavra presa
como caça indefesa
dentro da carne que não sai
Artur Gomes
www.fulinaimagens.blogspot.com

quantas eras quantas anas
estive em muitos lugares algumas páginas de livros jornais paredes e muros de cidades que nem mesmo conhecia. Me lembrava agora de um poema do livro BrazilLírica Pereira: A Traição das Metáforas e da minha passagem por Santo André entre 1993 e 1997.
Lá conheci um músico mineiro de nome Alexandro Silva, mas que gostava de ser chamado de Naiman. Foram longos anos de parcerias musicais que, algumas, estão gravadas no CD Fulinaíma Sax Blues Poesia, lançado em 2002. Em 1996, numa viagem que fizemos em um fusca para Campinas, onde eu fui dirigir uma Oficina de Criação de Artifícios no SESC, que me veio pela primeira vez a palavra Fulinaíma, talvez soprada por alguma divindade mística, que nem mesmo Freud explica.
Artur Gomes Fulinaíma
https://braziliricapereira.blogspot.com/
nunca estive em Bagdá
mas adriana esteve
carnaval pra mim é vai que dá. estava voltando do desfile de blocos do Rio de Janeiro, no carnaval de 2005 e quando cheguei no apartamento em que estava hospedado em Botafogo, me deparei com uma mensagem no celular me convidando para dirigir um curso de Teatro em São Fidélis pela FAETEC.
foram 5 meses de encontros semanais com amigos e amigas que já faziam parte do grande rol de amizades que tenho naquela cidade. alguns ainda moradores da Cidade Poema, outros saíram para outra paragens, mas acabaram retornando a terra natal.
o carnaval a carnavalha nomes de musas que me perseguem de Dante a Chico Buarque todas todos os poetas já cantaram seu nomes e tem um que me acompanha desde a infância ainda na cacomanga, como também essa cicatriz que continua cravada na carne nos nervos como se fosse esfinge clarice/beatriz.
Artur Gomes
https://arturkabrunco.blogspot.com/
Jura Secreta 98
fosse quântico esse dia
calmo claro intenso inteiro
20 de fevereiro
sendo assim esperaria
mesmo que em meio a tarde
TROVOADAS tempestades
insanidades guerras frias
iniqüidade
angústia
agonia
mesmo assim esperaria
20 horas
20 noites
20 anos
20 dias
até quando esperaria?
até que alguém percebesse
que mesmo matando o amor
o amor não morreria
Artur Gomes
www.secretasjuras.blogspot.com

Este baú-arquivo- pirâmede
Aricy Curvello
Os textos aqui apresentados permitem responder a interrogações, não a todas, a respeito do homem e do escritor. Regiões permanecem, a que(ainda) não temos acesso. A prematura morte de Uilcon Pereira fez encerrarem-se várias possibilidades, e é certo que nos abalou, porque, em um momento de invenção e crescimento de sua obra e de seu nome, e ele foi abatido em pleno voo, na hora mais clara.
Ele que nos dizia com aquela sua graça peculiar: “Sou contra a rotina e remo contra a corrente”. Eternamente insatisfeito, provocador, sal disponível. Não há quem o tenha conhecido que dele possa esquecer-se facilmente.
“Você se inventou como personagem” – é um trecho de carta de Fábio Lucas a ele que, sintomaticamente, o incluiu como epígrafe em algumas publicações.
O processo de invenções dessa persona decorreria da espécie de ficção que ele escreveu – em que, de certa f0rma, também ele “se” produziu.
Uma de suas grandes linhas de força: não ter separado vida e arte em departamentos estanques. Intercruzava ambas. Por vezes a ficção “vivia” a vida de Uilcon e vice-versa, não bastasse já ser ele cursor da intertextualidade (Elisa Guimarães) e da intersubjetividade (Antônio Medina Rodrigues).
Mário Bolognese, ex-aluno em Assis e hoje professor de Filsosofia na INESP/Campus Marília, mostrou-nos em Do Esteta Ao Literato o quanto ele esteve alerta e atento desde cedo: “Cético o suficiente, o professor que veio ajudar a instalar o curso de Filosofia na UNESP (em Assis) não esmorecia diante de uma polêmica. Se abandonou os temas clássicos da Estética para adentrar a pretensa ciência da linguagem de então (Linguística e Semiologia, resultado da presença estruturalista entre nós), o fez procurar uma materialização sígnica para conceitos inefáveis, que, em sua opinião, nada tinham a dizer”.
A estrutura oscilante que se desfaz (pontada no ensaio Babilônia, Babel, Bizâncio e Brasil) corresponderia à materialização sígnica para conceitos inefáveis que, em sua opinião, nada tinham a dizer” ( Mário Bolognese) e ao esclarecer tópico de Antônio MedinaRodrigues: “Daí que as vozes, que se multiplicavam em seus livros, jamais quiseram dizer alguma coisa.
Não tinham tempo. Só queriam ser uma construção inter-humana, um “passa-passa-treze”, e essa para ele, era a mais digna das objetividades... Evitou a substância opaca. Preferiu a escrita pluribucal, pedestre, acirandada. De que falava ele? Sempre se fala de alguma coisa. Mas, no caso dele, as palavras eram estugadas a mais não poder, para não se tornarem mesquinhas ou virginais em excesso, para não roubarem o verdadeiro espetáculo, que estava na própria ânsia de vida...”
Tais seriam as sendas mais próprias para se chegar ao cerne da ficção de Uilcon?
Este baú-arquivo-pirâmede – afinal, que gênero literário é este? – tem várias razões de ser e várias respostas diferentes. Tantas, quantos são os autores aqui reunidos para lembrar Uilcon.
Lembremos também suas cartas, porque até aqui ele foi genial (genial, sim) e conseguiu iniovar em gênero e trechos transcritos por Camilo Mota, por Hygia e por Ricardo Lima, é possível perceber o grande dom de Uilcon de se fazer próximo, quase íntimo de alguém pouco conhecido, e de assim falar à subjetividade do outro. Esse o dom a que Uilcon chamava de “cumplicidade”.
Significativamente, ele emprestou a seu próprio trabalho também um caráter de manifestação marginal. Como escritor identificava-se com tudo o que estivesse à margem, pois ele (multíplice) também se considerava à parte, junto com trabalho que realizava.
Uilcon se agilizava de uma voz a outra. Como escreveu Antônio Medina Rodrigues: ... para que o texto não tivesse princípio nem fim, e a cidade não dormisse além da conta. Mas agora ele dorme. Que faremos sem ele?

27 de agosto
com muito gosto
fazer setenta e sete
outra coisa me disse
fulinaíma
pra definir o que faço
o traço a cada compasso
pensado sentido vivido
estando inteiro
não par/ti/do
a língua ainda
entre/dentes
a faca
ainda mais afiada
a carNAvalha in/decente
escre/v(l)er
é tudo o que posso
pra desafinar os contentes
desempatar de/repente
o jogo dos reles bandidos
é tudo o que tenho feito
por mais que tenha sofrido
nas unhas dos dedos
nos nervos
na carnadura dos ossos
Artur Gomes
Hoje Balbúrdia PoÉtica especial
no Carioca Bar - Rua Francisca Carvalho de Azevedo, 17
Parque São Caetano - Campos dos Goytacazes-RJ
Espero vocês lá, a partir das 18h
leia mais no blog
Artur Fulinaimagens
https://fulinaimargens.blogspot.com/
o poema senhores
nem fede nem cheira
Ferreira Gullar
a
pedra no rio que não voa
se arrasta entranhada
na alma da pessoa
Rúbia Querubim
poema obsceno
toda manhã de domingo
faz-se um formigueiro
frente ao bar do local
para brigas de canários
ou então papa capim
é o fim
manter pássaros presos
indefesos
em gaiolas de bambu
ou então de grumarim
Gigi Mocidade
https://uilconpereira.blogspot.com/

Beatriz a Faustino
pudesse eu divagar pelos teus poros
bosque do teu reino entre teus pelos
mergulhar contigo o mar da fonte
atravessar da carne a pele a ponte
penetrar no orgasmo dos teus selos.
pudesse eu cavalgar por tuas crinas
no dorso cavalar onde deflora
deixando assim então de ser menina
e me tornar mulher por toda sina
no inferno céu da tua hora
Federika Bezerra
www.secretasjuras.blogspot.com

era uma vez um mangue por onde andará macunaíma na sua carne no seu sangue na medula no seu osso será que ainda existe algum vestígio de macunaíma na veia do seu pescoço?
https://ciadesafiodeteatro.blogspot.com/