sexta-feira, 5 de setembro de 2025

Por Onde Andará Macunaíma ?

o vôo
de Heras
EvoEros

enquanto espero

outras Eras

primasVeras nesse quase verão/inverno

que me tire desse purgatório

 nó da gravata

 quase mesmo inferno

nos abismos desse terno

recortado por Gamboa

mas não sou Pessoa

dessa pedra Itabira

esse pó quase me pira

muritiba muquirana

Itabapoana não me engana

Macunaína ainda vive

nas favelas de Copacabana

  

Federico Baudelaire

leia mais no blog

Drummundana Itabirina

https://uilconpereira.blogspot.com/

essa dica não é minha

dia 11 de outubro

a Nação Goytacá

vai Balburdiar

na CasAmarÉlinha

 

V(l)er mais no blog

https://fulinaimargem.blogspot.com/

              jogo de dadaísta

não sou iluminista/nem pretender

eu quero o cravo e a rosa

cumer o verso e a prosa

devorar a lírica a métrica

a carne da musa

seja branca/negra

amar/ela vermelha verde

ou cafusa

eu sou do mato curupira carrapato

eu sou da febre sou dos ossos

sou da lira do delírio

e virgílio é o meu sócio

pernambuco amaralina

vida leve ou sempre/vida severina

sendo mulher ou só menina

que sendo santa prostituta

ou cafetina

devorar é minha sina

profanar é o meu negócio

 

Artur Gomes

Juras Secretas

leia mais no blog

https://secretasjuras.blogspot.com/

 

clique no link para v(l)er o vídeo filmado em Gargaú por Letícia Rcha com trilha sonora de Fil Buc

https://www.youtube.com/watch?v=szABRGqMqH8&t=10s

No próximo vinte e dois deste setembro dois mil e vinte e cinco finco os olhos na tela do ArteCult.com para v(l)er por onde andará Macunaíma?, coluna assinada pelo “bardo da cacomanga”. E por onde andará Macunaíma? Pelo polo sul ou norte? Ainda andará nos traços a lápis de José César Castro, o fógrafo/desenhista que não é casto?  Talvez com um pouco de sorte nos encontremos com ele naquela preguiça boa, escre/vivendo/falando poesia pelo litoral de São Francisco onde Itabapoana agora é pedra que voa.

E atenção jovens de Campos dos Goytacazes e região, no dia 27 deste na Casa de Cultura Villa Maria, você tem um encontro marcado com o Encontro Literário – Jovens Em Movimento – estejam atentos estejam alertas - mexam-se leiam pois só o conhecimento liberta  

Artur Gomes (Campos dos Goytacazes-RJ, 1948) é poeta, ator, produtor cultural e vídeo maker, com mais de cinco décadas de intensa atuação nas artes. Criador de projetos que marcaram a cena literária e audiovisual brasileira, como o FestCampos de Poesia Falada e a Mostra Visual de Poesia Brasileira, Artur construiu uma trajetória que une poesia, performance e experimentação multimídia.

Em 2019, lançou o Sarau Balbúrdia PoÉtica, que se tornou um espaço vibrante de celebração da poesia falada e da performance, circulando por cidades como Rio de Janeiro, São Paulo, Cabo Frio e Campos dos Goytacazes. O projeto já realizou onze edições, incluindo participações em eventos de grande destaque, como a Bienal do Livro de Campos, e contou com apoio de instituições culturais e do portal ArteCult.com

Autor de mais de 15 livros publicados, entre eles Juras Secretas (2018), Pátria A(r)mada (2019, Prêmio Oswald de Andrade/UBE-Rio) e O Homem Com a Flor na Boca (2023), e Itabapoana Pedra Pássaro Poema (2025). Artur segue produzindo intensamente e difundindo a literatura contemporânea. Mantém o blog Nação Goytacá, https://arturgumes.blogspot.com/

 onde reúne a série TransPoÉticas – Coletânea de Poetas Vivos, reafirmando seu papel como articulador cultural e voz ativa da poesia brasileira.


Fulinaíma MultiProjetos

22 99815-1268 – zap

@fulinaima @artur.gumes – instagram

fulinaima@gmail.com

arturgomes@artecult.com

quarta-feira, 27 de agosto de 2025

no coração dos boatos


                              EuGênio

 

eu sou menino eu sou menina

e não venham me dizer

que lança perfume é parafina

diversidade de gêneros

podes crer – não me alucina

 

eu nasci da minha mãe

que se chama Severina

lá dos sertões do nordeste

nor/destino nor/destina

como o sal do Maranhão

bumba-meu-boi não desafina

conterrâneo do Torquato

eu nasci  em Teresina

 

                              EuGênio Mallarmè

https://fulinaimacarnavalhagumes.blogspot.com/

página no face https://www.facebook.com/EuGenioGumes

                     Bolero Blue


beber
desse conhac em tua boca
para matar a febre
nas entranhas entredentes
indecente
é a forma que te como
bebo ou calo
e se não falo quando quero
na balada ou no bolero
não é por falta de desejo
é
que a fome desse beijo
furta qualquer palavra presa
como caça indefesa
dentro da carne que não sai

Artur Gomes

www.fulinaimagens.blogspot.com


                quantas eras quantas anas

estive em muitos lugares algumas páginas de livros jornais paredes e muros de cidades que nem mesmo conhecia. Me lembrava  agora de um poema do livro BrazilLírica Pereira: A Traição das Metáforas e da minha passagem por Santo André entre 1993 e 1997.

Lá conheci um músico mineiro de nome Alexandro Silva, mas que gostava de ser chamado de Naiman. Foram longos anos de parcerias musicais que,  algumas, estão gravadas no CD Fulinaíma Sax Blues Poesia, lançado em 2002. Em 1996, numa viagem que fizemos em um fusca para Campinas, onde eu fui dirigir uma Oficina de Criação de Artifícios no SESC, que me veio pela primeira vez a palavra Fulinaíma, talvez soprada por alguma divindade mística, que nem mesmo Freud explica.

 

Artur Gomes Fulinaíma

https://braziliricapereira.blogspot.com/


nunca estive em Bagdá

mas adriana esteve 

carnaval pra mim é vai que dá. estava voltando do desfile de blocos do Rio de Janeiro, no carnaval de 2005 e quando cheguei no apartamento em que estava hospedado em Botafogo, me deparei com uma mensagem no celular me convidando para dirigir um curso de Teatro em São Fidélis pela FAETEC.

foram 5 meses de encontros semanais com amigos e amigas que já faziam parte do grande rol de amizades que tenho naquela cidade. alguns ainda moradores da Cidade Poema, outros saíram para outra paragens, mas acabaram retornando a terra natal.

o carnaval a carnavalha nomes de musas que me perseguem de Dante a Chico Buarque todas todos os poetas já cantaram seu nomes e tem um que me acompanha desde a infância ainda na cacomanga, como também essa cicatriz que continua cravada na carne nos nervos como se fosse esfinge clarice/beatriz.

 Artur Gomes

https://arturkabrunco.blogspot.com/


Jura Secreta 98


fosse quântico esse dia
calmo claro intenso inteiro
20 de fevereiro
sendo assim esperaria

mesmo que em meio a tarde
TROVOADAS tempestades
insanidades guerras frias
iniqüidade
angústia
agonia
mesmo assim esperaria

20 horas
20 noites
20 anos
20 dias

até quando esperaria?
até que alguém percebesse
que mesmo matando o amor
o amor não morreria

Artur Gomes

www.secretasjuras.blogspot.com

                                                            Este baú-arquivo-                                                               pirâmede

                                           Aricy Curvello

Os textos aqui apresentados permitem responder a interrogações, não a todas, a respeito do homem e do escritor. Regiões permanecem, a que(ainda) não temos acesso. A prematura morte de Uilcon Pereira fez encerrarem-se várias possibilidades, e é certo que nos abalou, porque, em um momento de invenção e crescimento de sua obra e de seu nome, e ele foi abatido em pleno voo, na hora mais clara.

Ele que nos dizia com aquela sua graça peculiar: “Sou contra a rotina e remo contra a corrente”. Eternamente insatisfeito, provocador, sal disponível. Não há quem o tenha conhecido que dele possa esquecer-se facilmente.

“Você se inventou  como personagem” – é um trecho de carta de Fábio Lucas  a ele que, sintomaticamente, o incluiu como epígrafe em algumas publicações.

O processo de invenções dessa persona decorreria da espécie de ficção que ele escreveu – em que, de certa f0rma, também ele “se” produziu.

Uma de suas grandes linhas de força: não ter separado vida e arte em departamentos estanques. Intercruzava ambas. Por vezes a ficção “vivia” a vida de Uilcon e vice-versa, não bastasse já ser ele cursor da intertextualidade (Elisa Guimarães) e da intersubjetividade (Antônio Medina Rodrigues).

Mário Bolognese, ex-aluno em Assis e hoje professor de Filsosofia na INESP/Campus Marília, mostrou-nos em Do Esteta Ao Literato o quanto ele esteve alerta e atento desde cedo: “Cético o suficiente, o professor que veio ajudar a instalar o curso de Filosofia na UNESP (em Assis) não esmorecia   diante de uma polêmica. Se abandonou os temas clássicos da Estética para adentrar a pretensa ciência da linguagem de então (Linguística e Semiologia, resultado da presença estruturalista entre nós), o fez procurar uma materialização sígnica para conceitos inefáveis, que, em sua opinião, nada tinham a dizer”.

A estrutura oscilante que se desfaz (pontada no ensaio Babilônia, Babel, Bizâncio e Brasil) corresponderia à materialização sígnica para conceitos inefáveis que, em sua opinião, nada tinham a dizer” ( Mário Bolognese) e ao esclarecer tópico de Antônio MedinaRodrigues: “Daí que as vozes, que se multiplicavam  em seus livros, jamais quiseram dizer  alguma coisa.

Não tinham tempo. Só queriam ser uma construção inter-humana, um “passa-passa-treze”, e essa para ele, era a mais digna das objetividades... Evitou a substância opaca. Preferiu a escrita pluribucal, pedestre, acirandada. De que falava ele? Sempre se fala de alguma coisa. Mas, no caso dele, as palavras eram estugadas a mais não poder, para não se tornarem mesquinhas ou virginais em excesso, para não roubarem o verdadeiro espetáculo, que estava na própria ânsia de vida...”

Tais seriam as sendas mais próprias para se chegar ao cerne da ficção de Uilcon?

Este baú-arquivo-pirâmede – afinal, que gênero literário é este? – tem várias razões de ser e várias respostas diferentes. Tantas, quantos são os autores  aqui reunidos para lembrar Uilcon.

Lembremos também suas cartas, porque até aqui ele foi genial (genial, sim) e conseguiu iniovar  em gênero e trechos transcritos por Camilo Mota, por Hygia e por Ricardo Lima, é possível perceber o grande dom de Uilcon de se fazer próximo, quase íntimo de alguém pouco conhecido, e de assim  falar à subjetividade do outro. Esse o dom a que Uilcon chamava de “cumplicidade”.

Significativamente, ele emprestou a seu próprio trabalho também um caráter de manifestação marginal. Como escritor identificava-se com tudo o que estivesse à margem, pois ele (multíplice) também se considerava à parte, junto com  trabalho que realizava.

Uilcon se agilizava de uma voz a outra. Como escreveu Antônio Medina Rodrigues: ... para que o texto não tivesse princípio nem fim, e a cidade não dormisse além da conta. Mas agora ele dorme. Que faremos sem ele?  


       27 de agosto
com muito gosto
fazer setenta e sete
outra coisa me disse
fulinaíma
pra definir o que faço
o traço a cada compasso
pensado sentido vivido
estando inteiro
não par/ti/do
a língua ainda
entre/dentes
a faca
ainda mais afiada
a carNAvalha in/decente
escre/v(l)er
é tudo o que posso
pra desafinar os contentes
desempatar de/repente
o jogo dos reles bandidos
é tudo o que tenho feito
por mais que tenha sofrido
nas unhas dos dedos
nos nervos
na carnadura dos ossos

Artur Gomes

Hoje Balbúrdia PoÉtica especial
no Carioca Bar - Rua Francisca Carvalho de Azevedo, 17
Parque São Caetano - Campos dos Goytacazes-RJ
Espero vocês lá, a partir das 18h

leia mais no blog
Artur Fulinaimagens
https://fulinaimargens.blogspot.com/


o poema senhores

nem fede nem cheira

           Ferreira Gullar

 

a

 pedra no rio que não voa

se arrasta entranhada

       na alma da pessoa

          Rúbia Querubim

 

                       poema obsceno

toda manhã de domingo

faz-se um formigueiro

frente ao bar do local

para brigas de canários

 ou então papa capim

é o fim

manter pássaros presos

indefesos

em gaiolas de bambu

ou então de grumarim

 

                           Gigi Mocidade

https://uilconpereira.blogspot.com/


         Beatriz a Faustino

pudesse eu divagar pelos teus poros
bosque do teu reino entre teus pelos
mergulhar contigo o mar da fonte
atravessar da carne a pele a ponte
penetrar no orgasmo dos teus selos.

 

pudesse eu cavalgar por tuas crinas
no dorso cavalar onde deflora
deixando assim então de ser menina
e me tornar mulher por toda sina
no inferno céu da tua hora

 

                                 Federika Bezerra

www.secretasjuras.blogspot.com


era uma vez um mangue por onde andará macunaíma na sua carne no seu sangue na medula no seu osso será que ainda existe algum vestígio de macunaíma na veia do seu pescoço?

 https://ciadesafiodeteatro.blogspot.com/

terça-feira, 26 de agosto de 2025

juras secretas


fosse o que eu quisesse 
apenas um beijo roubado em tua boca 
dentro do poema nada cabe 
nem o que sei nem o que não se sabe 

e o que não soubesse 
do que foi escrito 
está cravado em nós 
como cicatriz no corte 
entre uma palavra e outra 
do que não dissesse  

Jura secreta 11

 engenho 484 

para jiddu saldanha 

arrancar do gesto 
a palavra chave 
da palavra a imagem xis 
tudo por um risco 
tudo por um triz 

o trem bala (cospe esqueletos 
no depósito da Central) 
fuzil pode ser nosso brinquedo: 
novo enredo para o próximo carnaval 

Jura  secreta 12

Sargaço em tua boca espuma

 

 em Armação de Búzios

 tenho um amor sagrado

guardado como jura secreta

que ainda não fiz para Laís

 

em teus cabelos girassóis de estrelas

que de tanto vê-las o meu olho  vela

e o que tanto diz  onda do mar  não leva

da areia da praia onde grafei teu nome

para matar a sede e muito mais a fome

 

entranhada  na carne como flor de Lótus

grudada na pele como tatuagem

flutuando ao vento como leve pluma

no salgado corpo do além mar afora

 

sargaço em tua boca espuma

onde moram  peixes  - na cumplicidade

do que escrevo agora

 Jura secreta 13 


o tecido do amor já esgarçamos 
em quantos outubros nos gozamos 
agora que palavro Itaocaras 
e persigo outras ilhas 
na carne crua do teu corpo 
amanheço alfabeto grafitemas 

quantas marés endoidecemos 
e aramaico permaneço doido e lírico 
em tudo mais que me negasse 
flor de lótus flor de cactos flor de lírios 
ou mesmo sexo sendo flor ou faca fosse 
Hilda Hilst quando então se me amasse 

ardendo em nós salgado mar e Olga risse 
pulsando em nós flechas de fogo se existisse 
por onde quer que eu te cantasse ou Amavisse 

Jura secreta 14 


eu te desejo flores lírios brancos 
margaridas girassóis rosas vermelhas 
e tudo quanto pétala 
asas estrelas borboletas 
alecrim bem-me-quer e alfazema 

eu te desejo emblema 
deste poema desvairado 
com teu cheiro teu perfume 
teu sabor teu suor tua doçura 

e na mais santa loucura 
declarar-te amor até os ossos 

eu te desejo e posso : 
palavrArte até a morte 
enquanto a vida nos procura

Jura secreta 15

leminskiAna 

o estado pode ser de choque 
ou quem sabe até de surto 
o soco pode ser no estômago 

a facada pra  ferir o fígado 
o bandido me assaltar na via 
o sangue explodir na veia 
a vodka só me dar azia 

todo instante que vier eu curto 
a palavra que pintar eu furto 

tudo o que eu faço é poesia.  

Jura secreta 16

 para may pasquetti 

fosse esta menina Monalisa 
ou se não fosse apenas brisa 
diante da menina dos meus olhos 
com esse mar azul nos olhos teus 

não sei se MichelÂngelo 
Da Vinci Dalí ou Portinari 
te anteviram no instante maior da criação 


pintura de um arquiteto grego
quem sabe até filha de Zeus 


e eu Narciso amante dos espelhos 
procuro um espelho em minha face 
para ver se os teus olhos 
já estão dentro dos meus

Jura secreta 17 

meu objeto concreto 
é um poema abstrato 

impressionista realista 
quem sabe neo concretista 
poderoso artefato 

uma bomba de Hiroshima 
uma rosa parafina 
ou quem sabe uma menina 
que conheci só no retrato 

 

  Jura secreta 18

 

te beijo vestida de nua
somente a lua te espelha
nesta lagoa vermelha
porto alegre caís do porto
barcos navios no teu corpo

os peixes brincam no teu cio
nus teus seios minhas mãos
as rendas finas  que vestias
sobre os teus pêlos ficção

 

todos os laços dos tecidos
aquela cor do teu vestido
a pura pele agora é roupa
o sabor da tua língua
o batom da tua boca
tudo antes só promessa
agora hóstia entre os meus dentes

 

e para espanto dos decentes
te levo ao ato consagrado
se te despir for só pecado
é só pecar que me interessa


 
Artur Gomes

Juras Secretas

Editora Penalux  2018

www.secretasjuras.blogspot.com

Por Onde Andará Macunaíma ?

o vôo de Heras EvoEros enquanto espero outras Eras primasVeras nesse quase verão/inverno que me tire desse purgatório  nó da gravata  quase ...